2013-08-10

Por Trás De Grandes Mulheres Sempre Existem Grandes Homens (Parte 2)


4) Lou Carrigan

Trata-se de alguém muito especial e de extrema importância no desenvolvimento da Coleção ZZ7. Ainda que ele não seja o efetivo criador da personagem Brigitte Montfort, sempre a tratou como tal e, mais que isso, estabeleceu um relacionamento apaixonado cuidando com extremo carinho de seu caráter, provendo-a de vícios e virtudes e tornando-a um exemplo de ser humano exemplar que ele mesmo lamenta não existir. Entre muitas outras coisas, Lou foi quem deu a Brigitte a oportunidade de encontrar o grande amor de sua vida, Angelo Tomasini, também conhecido como Número Um; e foi quem escolheu os nomes dos seus filhos: Bridget e Héctor.

Lou Carrigan desde 1996 até 2010:

  

Batizado Antonio Miguel de los Ángeles Custodios Vera Ramírez, nasceu em Barcelona, Espanha no dia 2 de Julho de 1934 e, não por acaso, Brigitte Montfort comemora o seu próprio aniversário nessa mesma data. Para uso no dia a dia, adota uma versão reduzida do seu nome – Antonio Vera Ramirez – e Lou Carrigan tornou-se o mais famoso pseudônimo entre tantos outros que adotou como escritor, tais como Angelo Antonioni, Angela Windsor, Milton Hamilton, Lou Constantine Carrigan ou mesmo Antonio Vera. Além das convincentes estórias de espionagem – nos anos 70 alguns leitores no Brasil acreditavam que Lou Carrigan era um agente aposentado da CIA ou alguém que tinha fortes conexões com aquela Agência, pois algumas estórias não pareciam totalmente frutos de ficção – Antonio Vera Ramirez também escreveu livros policiais, de horror, romances e até mesmo estórias de faroeste usando os pseudônimos mencionados acima (alguns estadunidenses podem não acreditar, mas os espanhóis eram tão bons em colocar estórias de faroeste nos livros quanto os italianos nas telas de cinema). Por outro lado, ele sempre adotou o pseudônimo Lou Carrigan para escrever as aventuras de Brigitte, nunca outro.

   

Para cada livro de bolso contendo 200.000 espaços de tipografia, que são suficientes para preencher aproximadamente 125 páginas no formato 15 x 11cm, Lou Carrigan era remunerado pelo equivalente a USD 500 pela Editora Monterrey. Muitas das aventuras eram mais longas e, consequentemente, eram divididas em dois livros. A única exceção foi a edição comemorativa de número 200 (“Todo O Ouro Do Mundo”) que foi lançada com 250 páginas. Uma vez submetida à Editora Monterrey, Lou Carrigan perdia completamente o controle sobre as ações para lançamento dos livros no Brasil e, não raro, José Alberto Gueiros, editor e sócio da Editora Monterrey, fazia modificações nos originais para que as aventuras ficassem mais dramáticas e, naturalmente, mais picantes. Ele chegou até a criar novos personagens para incluí-los nas estórias. Como resultado disso, a maioria das aventuras publicadas no Brasil não corresponde exatamente às mesmas publicadas na Espanha ou em Portugal, mesmo contendo o mesmo título.

  

O contrário também ocorreu quando a Editora Monterrey decidiu republicar as aventuras tanto de Giselle quanto de Brigitte Montfort numa nova série de livros de bolso denominada ZZ7 Série Azul (SA) – as publicações originais que foram até aqui referidas são chamadas de ZZ7 Série Vermelha (SV). Diferentemente da SV, a SA não inclui estórias de outros personagens que não sejam Giselle e Brigitte e também não inclui outros autores que não sejam J. F. Krakberg e Lou Carrigan, exceção às aventuras que foram narradas em primeira pessoa pelos próprios personagens. Lou Carrigan teve, então, a oportunidade de re-visitar alguns dos originais de J. F. Krakberg (suposto pseudônimo de José Alberto Gueiros) e chegou até a fazer modificações nos títulos dessas aventuras. Assim, o livro de J. F. Krakberg chamado “O Crime Sagrado” publicado na SV tornou-se o livro de Lou Carrigan denominado “O Fogo Sagrado” na SA. O mesmo ocorreu com alguns outros livros da coleção.

  

Além de promover essas mudanças, Lou presenteou a SA com aventuras inéditas e que nem mesmo posteriormente foram incluídas na SV: “Os Minutos Marcados”, “Não Vale Contar Até Três”, e “Adeus, Mr. Grogan”.

Lou Carrigan escreveu sua primeira aventura tendo Brigitte Montfort como personagem em 1965 e parou apenas em 1992, pois ele concordou com o pedido da Editora Monterrey de continuar até que a SV alcançasse a edição de número 500 (“Uma Espiã Para A Eternidade”). Todavia, no final do ano 2000, ele foi contatado por Juan Alberto Fernández Nunes, naquela época diretor e o último proprietário da atualmente falida Editora Monterrey, que solicitou o seu apoio para lançar novos livros sobre as espiãs no mercado brasileiro. Mas desta vez o foco seria a mãe, Giselle.


Apesar de que Lou nunca havia escrito tendo Giselle como personagem e apesar de que o maior desafio seria criar um argumento absolutamente convincente de que ela não teria sido executada na prisão de Cherche Midi no dia 15 de Março de 1944 como acreditava-se até então (inclusive por sua própria filha, Brigitte Montfort), Lou aceitou o pedido de Juan Alberto e escreveu quatro novas aventuras de Giselle Montfort no formato usual de 200.000 espaços cada e as enviou em Maio de 2000: “Giselle, Mon Amour”, “Uma Tumba Em Versailles”, “Um Corpo Sem Coração” e “Operação Extermínio”. Esses livros nunca foram publicados e sequer sabe-se se chegaram a ser traduzidos para o Português, pois Juan Alberto faleceu não muito tempo depois vítima de um acidente. Todavia, Lou Carrigan decidiu disponibilizar esses quatro livros na versão original em Espanhol sob o título genérico "Giselle, La Espía Resucitada" no site de compras http://lulu.com e a um preço bastante acessível (é necessário cartão de crédito internacional para aquisição).


Contando as aventuras de Brigitte Montfort que foram escritas por J. F. Krakberg e posteriormente re-visitadas, considerando os três livros inéditos lançados na SA, considerando outros dois livros lançados exclusivamente numa Série Vermelha Especial e, finalmente, considerando a edição comemorativa número 200 da SV que equivale a duas unidades, Lou Carrigan  escreveu exatamente 482 livros de 125 páginas cada (ou 482 vezes 200.000 espaços) exclusivamente sobre a personagem Brigitte Montfort (desconsiderando-se os últimos quatro livros que tem Giselle como protagonista). Como 34 aventuras são duplas, ou seja, foram necessários 400.000 espaços para concluí-las, a coleção é formada de exatos 448 títulos.

 

A Editora Monterrey ainda lançou outras séries da coleção no mercado brasileiro, tais como a Série Verde (SVd), Série Amarela (SAm) e Seleções (Negra), mas isso é uma outra história.

Observação: foi disponibilizado no YouTube o filme completo chamado "Los Buitres Cavarán Tu Fosa", algo como "Os Abutres Cavarão Sua Cova", no qual Lou Carrigan é roteirista em parceria com Juan Bosch e Roberto Gianviti. Trata-se de um faroeste de produção ítalo-espanhola do ano de 1971 com versão original em espanhol e sem legendas.


5) John Lack

Este escritor foi o autor de dois livros da SV: o de número 14 “Fogo No Egito” (que não trata de uma aventura de Brigitte Montfort) e o de número 31 “Brigitte Montfort Contra A Morte”. A maioria dos fãs não sabe, mas além de J. F. Krakberg e Lou Carrigan, John Lack é o único escritor que assina pelo menos uma aventura tendo essa espiã como protagonista. Nenhum dos seus livros foi incluído na SA ou em quaisquer outras Séries da coleção.

 

Continua na Parte 3

Fontes:
Fotos de Lou Carrigan: Lou Carrigan e Bolsi & Pulp
Digitalizações de capas: Lou Carrigan e acervo próprio
Algumas digitalizações de capa foram obtidas na Internet
Citações da reportagem de Gonçalo Junior para a Playboy de Março 2013




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